Alternativa sustentável foi apresentada para os gestores em painel durante o 41º Congresso de Municípios do RS

A responsabilidade socioambiental foi tema recorrente na programação do 41º Congresso de Municípios do RS, que aconteceu de 5 a 7 de junho, em Restinga Sêca. Visando ampliar a discussão da pauta com os municípios gaúchos, foi apresentado aos gestores o conceito de Lixo Zero como inovação para boas práticas de sustentabilidade e ESG – práticas ambientais, sociais e de governança. 

Conforme a embaixadora do Instituto Lixo Zero Brasil e CEO da CieloESG, Manoela Cielo, o conceito de Lixo Zero consiste em promover a redução de resíduos, resultando no mínimo possível de rejeitos em aterros sanitários. “A ideia é não ter aterros, para que se consiga viabilizar práticas de reciclagem e compostagem. Isso é lixo zero. Quando é lixo, todos os resíduos estão misturados, vão para o aterro e os custos do poder público são altíssimos”, explicou. 

O Lixo Zero é considerado uma meta ética e econômica, eficiente e visionária, com objetivo de orientar pessoas a mudarem suas práticas e estilos de vida, visando ciclos mais sustentáveis, em que materiais descartados são projetados para se tornarem recursos reutilizáveis, a famosa reciclagem. Implementar o conceito de Lixo Zero é buscar eliminar os descartes de lixo na terra, nas águas ou na atmosfera, nocivos para a saúde do planeta. 

A embaixadora do Lixo Zero frisou que a questão do lixo é uma das situações em que prefeitos e gestores públicos podem responder a processos criminais, sendo que o Ministério Público já começou a fiscalizar as administrações municipais, devido à responsabilidade pública do tema. 

No painel, Manoela também chamou a atenção para a importância de engajar a comunidade na educação ESG. Através dos indicadores da Agenda 2030, por exemplo, é possível promover ações e projetos utilizando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo a CEO, o maior desafio no ESG é a mudança de mentalidade e cultura da sociedade, pois algumas pessoas ainda acham que a pauta é passageira. 

No entanto, estudos apontam que 50% da população brasileira já está preparada para reciclar materiais, revela o pesquisador italiano e CEO da Waste Management, Stefano Ambrosini. Apesar desse preparo, os números da coleta seletiva na América Latina são muito baixos. No Brasil, apenas 1% do território realiza o descarte correto de materiais recicláveis. O melhor país é a Guiana, com 19,30%, seguido da Colômbia, com 17%. Em comparação, na Itália o índice de coleta seletiva chega a 63%.  

Stefano também apresentou como é realizada a coleta seletiva na Itália, apresentando estudos sobre custos, sistemas de coletas de diferentes tipos de resíduos, e sobre o pagamento de taxa conforme a quantidade de lixo produzido. Ele frisou que a comunicação com a população para explicar os diferentes tipos de lixo são fundamentais para que o sistema de coleta funcione.

No Brasil, uma das ações que envolve comunidades, stakeholder, ONGs, associações, setor privado e gestão pública é a Semana do Lixo Zero. Conforme Manoela, as prefeituras podem utilizar a data no calendário municipal para desenvolver ações e ainda criar indicadores que poderão ser apresentados, posteriormente, a investidores. 

Para avançar na pauta, a melhor saída são os investimentos em parcerias público-privadas, explica Manoela, especialmente para a questão dos resíduos sólidos. Isso porque, empresas que fabricam resíduos como garrafas pets e de vidro terão que organizar sua logística com os municípios. “Dessa forma, se tira a oneração do poder público de algo que é de obrigação da indústria”, frisou.

Informações da notícia

Data de publicação: 12/06/2023

Créditos: Ellen Renner

Créditos das Fotos: Igor Flamel