Os planos de saúde de funcionários municipais de 38 cidades gaúchas continuarão vigentes até 1º de abril.

Os planos de saúde de funcionários municipais de 38 cidades gaúchas continuarão vigentes até 1º de abril. A extensão dos convênios do Instituto de Previdência do Estado (IPE) foi confirmada, nesta quinta-feira (12/2), pelo diretor geral da Secretaria de Administração do RS, Ademir Baretta. Em reunião na sede da Famurs, ele garantiu que os reajustes nas mensalidades voltarão a ser negociados após a posse do novo presidente do Instituto, que deve ocorrer em meados de março. “Temos a predisposição de buscar uma solução para os municípios”, declarou Baretta.

Durante o encontro, prefeitos reforçaram o pedido por transparência do órgão. Eles não se dizem contra o aumento, mas solicitam a relação detalhada de exames e consultas prestadas pelo IPE em cada município. Segundo o prefeito de Herval, Ildo Sallaberry, essas informações comprovariam a necessidade de elevação das alíquotas. “Queremos uma abertura do IPE, mas até agora não recebemos nada. É uma caixa preta que gostaríamos de enxergar”, lamentou.

Para o prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Paulo Bier, a divulgação também permitiria a intervenção do município na gestão da saúde local. “Se soubéssemos de onde vem as despesas, poderíamos fazer alguma ação para reduzir esses gastos, ao invés de ter apenas a obrigação de pagar”, ponderou Bier. Outro argumento citado pelos prefeitos é a má gestão do IPE, verificada em relatório do Tribunal de Contas (TCE). Conforme o estudo, o Instituto possui uma dívida de R$ 3,4 bilhões.

De acordo com o prefeito de São Luiz Gonzaga, Junaro Figueiredo, uma alternativa é a presença da Famurs no conselho do IPE. “É importante que os prefeitos possam participar das discussões do Instituto”, defendeu.

Histórico
A negociação com o Instituto começou em março de 2014. Até então, os planos de saúde de servidores municipais tinham alíquotas de 13% a 15% do salário do funcionário. O que o Instituto propôs foi ampliar esses percentuais para 18% a 22%. Sendo assim, a mensalidade do plano de saúde de um funcionário que ganha R$ 1 mil pode passar de R$ 110 para R$ 220 mensais. O valor, geralmente, é dividido meio a meio entre a prefeitura e o servidor.

Durante encontro com prefeitos no auditório da Famurs, em abril, o chefe de gabinete do IPE, César Bento, admitiu que alíquota de 6,2% paga pelos servidores estaduais não sofre reajuste há mais de 10 anos. Após pressão da Famurs, o órgão acatou as solicitações da entidade e suspendeu o reajuste nos contratos. Desde então, ficou acertado que o Instituto repassaria a relação detalhada de exames e consultas por município, que justificariam a elevação das alíquotas, mas os documentos nunca foram disponibilizados. “Queremos maior transparência para assinar o novo acordo”, esclarece o assessor técnico da Área de Saúde da Famurs, Paulo Azeredo.

Conforme o prefeito de Formigueiro, Gildo Bortolotto, é fundamental ter acesso ao número de consultas realizadas em cada município. “Está havendo um descontrole nas consultas e exames do IPE”, alerta. Segundo o prefeito Ulisses Cecchin, de Ibiaçá, a solução para esse problema pode estar no atendimento biométrico. “Desde 2011, pedimos para que o IPE exija dos médicos e das clínicas conveniadas a instalação de aparelhos de identificação biométrica para termos a garantia dos serviços que estão sendo realizados, mas percebemos que não há um interesse em resolver esse problema”, lamenta o prefeito.

Relatório do TCE expõe crise no IPE
Em junho deste ano, a Federação teve acesso a um relatório de inspeção extraordinária do Tribunal de Contas (TCE), que revelou déficit de R$ 3,4 bilhões do governo estadual com o IPE, referente à contrapartida do Executivo sobre os planos de saúde de servidores estaduais. O passivo é o principal problema entre muitos outros apontados pelo Órgão Fiscalizador nas contas do Instituto. Tratam-se de dívidas, má gestão e falhas no controle interno.

Há registros de beneficiários que já morrem, mas seguem consultando. O relatório ainda mostra que um único médico teria sido capaz de realizar 17 consultas em apenas 40 minutos. Outro médico teria prestado 109 atendimentos em um só dia. O estudo também contempla a utilização do IPE para aparelhamento do governo estadual. Foram mais de 100 Cargos de Confiança (CC’s) criados pelo Instituto somente nos últimos quatros anos.

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Data de publicação: 13/02/2015