Famurs promove campanha de conscientização da importância do uso de preservativos nas relações sexuais para a prevenção do contágio pelo HIV. O RS é o primeiro do país em mortes por aids.

Embora a aids seja um doença de fácil prevenção pelo uso de preservativos, em 2020, foram diagnosticados 32.701 novos casos no país e um total de 10.417 óbitos pela doença, segundo dados do Ministério da Saúde. No ranking das unidades da federação referente às taxas de detecção de aids, o Rio Grande do Sul é o segundo com mais casos, registrando 21,8 casos por 100 mil habitantes, atrás apenas do Amazonas (28,7). O estado apresenta também alta taxa de mortalidade, com 7,2 por 100 mil habitantes. Mais preocupante ainda é o coeficiente observado em Porto Alegre de 24,1, o maior do país, seis vezes superior ao coeficiente nacional de 4,0 a cada 100 mil habitantes. 


De acordo com ranking relacionado ao índice composto pelos indicadores de taxas de detecção, mortalidade e primeira contagem de CD4 (análise do sistema imunológico), com dados de 2016 a 2020, entre as capitais, Porto Alegre está em segundo lugar, com índice inferior apenas a Belém, no Pará. Em seguida, as três posições mais elevadas são Manaus, Florianópolis e Salvador.


Os dados divulgados no Boletim Epidemiológico HIV/Aids motivou o lançamento de uma campanha da Famurs de conscientização sobre a alta de casos de aids nos municípios gaúchos. A entidade alerta ainda que várias ISTs podem causar câncer, reforçando a mobilização por hábitos de prevenção da campanha Novembro Azul, mês de conscientização sobre a saúde do homem. “Precisamos urgentemente retomar campanhas de prevenção, do uso de preservativo nas relações sexuais, estamos dando o primeiro passo e recomendando que cada município faça a sua parte para melhorarmos nossos resultados em saúde pública”, destacou o presidente da Famurs, Paulinho Salerno.


O levantamento do Ministério da Saúde revela ainda que a aids tem aumentado nos extremos da pirâmide etária. A maior concentração de novos casos foi observada nos jovens com idade entre 25 e 39 anos: 52,0% dos casos do sexo masculino e 47,8% dos casos do sexo feminino. Entre os homens, nos últimos dez anos, observou-se um incremento na taxa de detecção de aids nas faixas de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos. 


Também houve entre os jovens crescimento da mortalidade causada pela aids. O coeficiente na faixa de 20 a 24 anos passou de 3,1 em 2010 para 3,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2020. A aids entre os mais velhos também merece atenção. Nos últimos dez, a faixa de 60 anos ou mais, mostrou aumento na mortalidade de 27,7%, passando de 4,2 em 2010 para 5,4 óbitos/100 mil habitantes em 2020. 


Em relação ao gênero, os casos de infecção pelo HIV notificados no período de 2007 a junho de 2021 apontam um predomínio de homens com aids. De um total de 266.360 (69,8%) casos em homens e 115.333 (30,2%) casos em mulheres. Em 2020, de cada 28 homens que receberam a confirmação de contágio pelo HIV, dez mulheres descobriram que carregam o vírus.  


Outro dado relevante é em relação à raça/cor autodeclarada. Quando analisados os casos de aids em uma década, observa-se queda de 9,8 pontos percentuais na proporção de casos entre pessoas brancas. No mesmo período, houve aumento de 12,9 pontos percentuais na proporção de casos entre as pessoas negras. Do total, 39,4% ocorreram entre brancos e 51,7% entre negros. 


Outra preocupação é a incidência de aids em gestantes. Porto Alegre é a capital com a maior taxa de detecção de HIV em gestantes, atingindo em 2020 a taxa de 17,1 casos/mil nascidos vivos, uma taxa seis vezes maior que a taxa nacional e duas vezes maior que a taxa do estado do Rio Grande do Sul (8,1). É um dado relativamente positivo, pois permite a prevenção de casos de aids entre recém nascidos, feita através do tratamento antirretroviral, com o uso de medicamentos para controlar a carga viral do HIV, impedindo a transmissão vertical. Esse tratamento deve ser realizado durante toda a gestação, e se necessário, mesmo no momento do parto. No Brasil, no mesmo período, foram notificadas 141.025 gestantes infectadas com HIV. 


“Apesar de ter tratamento, a aids não tem cura, e por isso é importante realizar o diagnóstico precoce e repassar as orientações para a população de como se prevenir. O elevado número de casos em gestantes colocam o RS em primeiro lugar no Brasil, reforçando a importância em incentivar campanhas de orientação para prevenção”, alertou o coordenador de saúde da Famurs, Paulo Azeredo.


O país tem registrado, anualmente, uma média de 36,8 mil novos casos de aids nos últimos cinco anos. O Boletim Epidemiológico HIV/Aids, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, é publicado anualmente. 

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Data de publicação: 03/11/2022

Créditos: Janis Morais

Créditos das Fotos: Arte: Guilherme Pedrotti