Neste ano, 684.556 crianças menores de cinco anos estão no alvo da campanha para a poliomielite no RS. A preocupação é com a queda na cobertura vacinal nos últimos anos de todas as vacinas disponíveis pelo SUS.

Cada vez menos crianças e adolescentes estão protegidos contra doenças que podem ser prevenidas pela vacinação no Rio Grande do Sul. A queda da procura ocorreu em praticamente todas as 18 vacinas que compõem o Calendário Nacional de Vacinação para aplicação desde recém-nascidos até 15 anos incompletos. 


Com o objetivo de alertar sobre os números no Rio Grande do Sul e o impacto na saúde, a Famurs está lançando uma campanha de vacinação, em conjunto com o Conselho Regional de Farmácia do RS (CRF/RS). A ideia é envolver as prefeituras, as secretarias municipais de saúde e toda a população e conscientizar sobre a importância da vacinação, estimulando que os pais procurem os postos de saúde, além de reforçar a mobilização nacional lançada pelo Ministério da Saúde. 


“Estamos entrando nessa campanha pela saúde dos nossos 497 municípios. Não apenas a covid-19, mas todas as vacinas são importantes porque reforçam o sistema imunológico e trazem proteção contra diversas doenças”, ressaltou o presidente da Famurs, Paulinho Salerno. 


A BCG, por exemplo, é uma vacina que protege contra formas graves de tuberculose. É aplicada nos bebês recém nascidos. Em 2018, mais de 90% receberam a vacina, mas em 2021, a imunização caiu para apenas 74%. Se considerarmos que cerca de 800 mil crianças nascem ao ano no RS, somente no ano passado, mais de 200 mil crianças estariam mais vulneráveis para uma das causas de mortalidade infantil no mundo. 


Outro alerta é para a poliomielite, uma doença altamente transmissível, que traz sequelas graves como a paralisia infantil. Depois do contágio e do desenvolvimento de sintomas agudos, essa doença não tem tratamento. Entre os anos 1970 e 1990, foram 26 mil casos de infecção no Brasil. O surgimento da vacina e a criação de campanhas de imunização resultaram na erradicação da doença em 1994 no país. Quem lembra do Zé Gotinha? Na época, grandes campanhas com animação na TV envolviam pais e filhos, ao mesmo tempo que uma grande estratégia nacional de imunização pública levou a vacina a mais de 95% do público-alvo. 


“A erradicação de várias doenças no Brasil servem de exemplo da importância de campanhas fortes e articuladas com a mobilização de toda a sociedade. A mensagem para os municípios é se vacinar”, acrescentou o presidente da Famurs.


Infelizmente, desde 2015, esse patamar de 95%, necessário para que a população seja considerada protegida, não é atingido. Esse déficit de proteção levou a Organização Panamericana de Saúde (Opas) a incluir o Brasil na lista dos oito países da América Latina com alto risco de volta da infecção por pólio. Em julho, um caso de poliomielite foi identificado no Condado de Rockland em Nova York. Em Londres, 116 vírus isolados foram identificados em 19 amostras coletadas em esgotos da cidade entre fevereiro e julho.


"Os dados mostram que quase metade das crianças não estão com o esquema vacinal em dia. Doenças já erradicadas através das vacinas estão voltando. O poder público, entidades e pais precisam se mobilizar para cuidar de nossas crianças”, alerta a presidente do CRF/RS, Letícia Raupp.



No RS, no ano passado, um pouco mais de 60% das crianças receberam todo o esquema vacinal contra a pólio no RS, que é composto por três doses até um ano de idade (75%) e duas doses de reforço até os quatro anos (61%). A Secretaria de Estado da Saúde contabiliza 684.556 crianças menores de cinco anos como alvo da campanha de vacinação contra poliomielite neste ano (130.742, menores de um ano de idade e 553.814, crianças de 1 a 4 anos). 

A principal proteção para a pneumonia é a vacina contra a bactéria pneumococo. Trata-se de uma inflamação que afeta os pulmões, e pode ser mais grave quando afeta crianças com menos de seis meses de vida. A pneumonia também pode ser causada por vírus (mais comum) e por fungos, mas quando é provocada por bactérias é mais perigosa, é aí que a vacina entra. No RS, o percentual do público-alvo vacinado vem reduzindo, passando de 90,52% em 2015 para 80,38% em 2021. A baixa cobertura vacinal é um dos fatores que aumenta o risco de contágio por pneumonia e outras doenças respiratórias. 


Dados do Observatório de Saúde na Infância apontam que duas em cada três mortes de bebês com até um ano ocorridas no Brasil poderiam ter sido evitadas no âmbito da atenção básica à saúde. O cálculo representa mais de 50 mil crianças que morreram entre 2018 e 2020 de causas como diarreia e pneumonia ou doenças, para as quais já existem vacinas, entre elas o rotavírus e o sarampo.

Crianças e adolescentes com pólio lendo cartas dos familiares de quem ficam afastados durante tratamento no Instituto de Reabilitação em Warm Springs, nos EUA, fundado por Franklin D. Roosevelt. O 32º presidente dos Estados Unidos teve poliomielite e usava cadeira de rodas.
Crianças e adolescentes com pólio lendo cartas dos familiares de quem ficam afastados durante tratamento no Instituto de Reabilitação em Warm Springs, nos EUA, 
fundado por Franklin D. Roosevelt. O 32º presidente dos Estados Unidos teve poliomielite e usava cadeira de rodas. Reprodução: ABC News



Campanha nacional -
O Ministério da Saúde lançou, no domingo (07/08), a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022. O objetivo é alcançar cobertura vacinal igual ou maior que 95% para a vacina poliomielite e melhorar as coberturas vacinais de todas as vacinas disponibilizadas pelo SUS, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. 


Fazem parte da campanha e estão disponíveis pelo SUS vacinas que protegem contra pelo menos 20 doenças: hepatites A e B, meningite, pneumonia, otite, sinusite, paralisia infantil, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, difteria, tétano, coqueluche, tuberculose, diarréia (rotavírus), febre amarela, gripe (influenza), HPV e covid-19. 


A atualização da situação vacinal aumenta a proteção contra as doenças imunopreveníveis, evitando a ocorrência de surtos e hospitalizações, sequelas incapacitantes, tratamentos de reabilitação e óbitos.

Acesse aqui os materias da campanha: https://bit.ly/VacinacaoFamurs

Informações da notícia

Data de publicação: 17/08/2022

Créditos: Janis Morais

Créditos das Fotos: Janis Morais