O presidente da Famurs falou na madrugada desta segunda-feira, dia 01/08, na Rádio Gaúcha. Ao lado de especialistas, foram abordados aspectos históricos da formação de muitos municípios gaúchos ligados às ferrovias, além de novos projetos no RS

O presidente da Famurs, Paulinho Salerno, defendeu a importância de investimentos nas ferrovias gaúchas para o desenvolvimento do RS, tanto em projetos de linhas turísticas, como também para estruturar novos modais de transporte alternativos ao rodoviário. O assunto foi debatido na Rádio Gaúcha nesta segunda-feira e contou com a participação do Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Maria Hugo Blois Filho e do coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana, com a medição do radialista Marcelo Drago.


O prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno, contou no programa um pouco da história do município, que surgiu a partir da construção da ferrovia. “A própria sede de Restinga Sêca só está onde está em função da instalação da estrada de ferro Porto Alegre-Uruguaiana”, destacou. O prefeito explicou que o local, a partir da instalação das caixas d 'água, por volta de 1895, servia de parada para abastecer as marias-fumaças dos trens movidos a vapor. Em seguida, em 1898, foi construída a primeira estação, toda em madeira, com a vinda da família Mostardeiro, a primeira a se instalar no município. Depois, de Vila da Caixa d 'água passou a 4° Distrito de Cachoeira do Sul, para Vila de Restinga Sêca, e desde 1959, município de Restinga Sêca. “Em 1926, é construído o prédio da Estação Férrea Restinga Sêca, que foi reformada, e há um ano é sede da Secretaria de Indústria e Comércio, e conta com a sala do empreendedor e espaço para exposições. Em breve, com homenagem a Iberê Camargo, que é natural de Restinga Sêca, e que também está ligado à linha férrea, pois o pai do artista era agente ferroviário no município”, relata Salerno.


Ele ressaltou a importância da revitalização do prédio da estação férrea para a preservação da memória e da importância na ferrovia naquele período, e que continua sendo ainda hoje, já que a linha ainda está em operação, pela companhia ferroviária e de logística Rumo Logística, embora apenas com trem de carga. “Estamos conversando com a empresa para até o próximo ano, operarmos um passeio turístico de trem na região, ligando restinga Sêca até Santa Maria ou a Cachoeira do Sul”, adiantou. Citou ainda o projeto Distrito Criativo de Santa Maria, que busca unir a preservação do patrimônio (Estação Gare, Vila Belga e a região da avenida Rio Branco, no Centro antigo) à atividade de tecnologia e inovação, como ótimo exemplo de iniciativa no tema. 


O pesquisador Hugo Blois Filho, autor da tese Arquitetura Subjacente da Rodovia, Relações de Lugar e Poder no Espaço Urbano, destacou a importância de valorização do patrimônio arquitetônico expresso nas estações ferroviárias. “Muitas das estações em pequenos núcleos estão abandonadas, e poderiam ser uma alternativa para o turismo”, lamenta. Para ele, alavancar o turismo é bastante interessante porque possibilita a manutenção dessa memória e preservação das estações. 


O coordenador do passeio turístico Trem dos Vales, Rafael Fontana, apresentou o projeto de iniciativa da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), em parceria com a Associação dos Municípios de Turismo da região dos Vales (Amturvales). “As rotas turísticas de ferrovias são um importante meio de transporte e indutor do desenvolvimento cultural e histórico da região”, destacou.


Segundo Fontana, o transporte turístico cultural é possível de ser feito sem impactar no horário de carga, e permite não apenas o transporte de pessoas, mas o resgate histórico cultural. “O passageiro é transportado para um viagem de múltiplas sensações, destacando a cultura local, a história dos municípios, a natureza, e a preservação desse patrimônio cultural que tem a ver com o desenvolvimento das regiões”, afirmou.


O Trem dos Vales é uma iniciativa planejada há mais de 20 anos e que saiu do papel em 2018. Em dezembro daquele ano, foram realizadas viagens para convidados e imprensa. Mas a grande experiência foi em 2019: em dois fins de semana, entre os meses de agosto e setembro, foram realizados oito passeios, entre Muçum e Guaporé, reunindo mais de 5 mil pessoas.

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Data de publicação: 01/08/2022

Créditos: Janis Morais

Créditos das Fotos: Prefeitura de Restinga Sêca