Sem aulas.

Sem aulas. Em respeito ao diálogo e em nome da vida

Quando o Governo do Estado propôs o retorno das atividades escolares, a Famurs buscou no diálogo o seu posicionamento em nome dos municípios. Antes mesmo de decidir em assembleia com os presidentes das 27 associações regionais que integram nossa entidade, realizamos pesquisa com os prefeitos e prefeitas do Rio Grande do Sul. E entre os 442 que participaram do levantamento, a maioria acachapante de 94,6% respondeu que é contra a volta às aulas em 31 de agosto.

São múltiplos os motivos desta contundente contrariedade coletiva. O maior de todos é a preservação da vida. O alto risco de contaminação para alunos e professores e o consequente crescimento no alarmante número de internações na rede pública de saúde exasperam os gestores municipais, pois a própria Secretaria Estadual de Saúde não apresenta qualquer prognóstico que garanta queda significativa dos números de casos e internações hospitalares.

Além disso, mais da metade dos prefeitos apontou ainda a impossibilidade de transportar os estudantes cumprindo as normas sanitárias de distanciamento e com a devida higienização dos veículos escolares. A necessidade da contratação de servidores em momento de retração econômica, também impedida pela legislação eleitoral, e a escassez dos equipamentos de proteção individual são outros argumentos elencados como obstáculos intransponíveis.

O Estado, que reconhecemos ter ampliado o diálogo com as prefeituras, tem legitimidade para determinar imediatamente o retorno às aulas e os municípios respeitam tal condição. Porém, não compreendemos a cogitação de regresso tão breve de crianças e adolescentes às escolas enquanto a maioria das atividades econômicas seguem cercadas por responsáveis medidas de restrição no combate à pandemia que vitimou cerca de 3 mil gaúchos e gaúchas.

Ainda não chegou a hora de reabrir as escolas. Temos convicção que só o advento de uma vacina ou a queda brusca e significativa dos casos de infectados nos permitirá planejar este retorno. Em defesa da saúde da nossa gente, que o Governo do Estado e os 497 municípios representados pela Famurs mantenham o diálogo técnico e respeitoso estabelecido desde o início da pandemia. E que a vida siga sendo a bússola de nossas decisões.

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Data de publicação: 24/08/2020

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