Por Maneco Hassen – Presidente da Famurs e prefeito de TaquariInsegura.

Por Maneco Hassen – Presidente da Famurs e prefeito de Taquari

Insegura. Assim está a humanidade ante a pandemia. No Brasil, com a omissão de alguns dos principais atores políticos, a sensação de insegurança é mais vigorosa. Oriunda da incerteza, ela atinge aos gestores públicos municipais. Nos prefeitos e prefeitas, que são os que têm à sua porta os dramas reais do nosso povo, a ansiedade é maior, pois diante da inércia do Governo Federal, é sobre eles que recai com mais intensidade as demandas de nossa gente.

Recente pesquisa com 70 prefeitos gaúchos atestou a desconfiança. Quando perguntados qual o sentimento em relação à crise sanitária, as respostas giraram em torno de insegurança em mais da metade dos entrevistados. Além disso, 73% responderam que sua cidade foi muito afetada no desenvolvimento econômico e afirmam que os cofres municipais nos últimos quatro meses perderam, em média, 25% da receita em relação aos três primeiros meses do ano. Todavia, revela-se que os prefeitos e prefeitas, por mais exaustos que estejam em razão do intenso trabalho que naturalmente realizam, não ficaram, e não vão ficar parados, aguardando por ajuda.

Neste deserto de incertezas, os investimentos privados diminuíram, com o mercado adotando posturas conservadoras. No caso brasileiro, a crise se aprofundou. O país já vivia situação econômica grave, com crescimento irrisório do PIB em razão das medidas paliativas da União, bem como da instabilidade política causada pela polarização exacerbada e que tende a ser ainda mais acentuada com as eleições municipais irresponsavelmente confirmadas para este ano. Reitero que a FAMURS mantém o posicionamento contrário à realização das disputas eleitorais em novembro, quando, de acordo com estimativas dos órgãos de saúde, ainda estaremos em meio à pandemia.

Velhas soluções não se prestam mais para novos problemas. Os investimentos, mesmo que restritos, devem se dar nas áreas mais suscetíveis à inovação, a partir de novos comportamentos, destinadas a diversificar nossa economia, em especial na indústria, agregadora de valor por excelência. Com inovação, qualificação dos servidores e parcerias com instituições públicas e privadas, os municípios podem ajudar a superar essa crise com um novo modelo de gestão, mais eficiente e democrático. O uso das tecnologias digitais permite a aproximação entre as pessoas e mais velocidade na troca de experiências. A FAMURS, tendo o diálogo como bússola, quer aproximar os municípios da academia e da sociedade, garantindo expertise para a busca de soluções para os problemas dos gaúchos.

Neste afã pelo diálogo, surge o valor inafastável da cidadania, pois é pela participação em todos os setores produtivos e de todas as camadas sociais, respeitando-se as posições divergentes, que surgirão ideias para a busca das mais criativas soluções. Também é central que os municípios vejam as instituições públicas, em especial as que detém condições financeiras, estruturais e humanas relevantes, como parceiras deste contexto; Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado representam funções essenciais para a gestão municipal, que neles se pode buscar orientação e prevenção para o enfrentamento da crise.

A pandemia tornou flagrante o desequilíbrio da repartição das receitas e despesas do dinheiro nacional. Os municípios arcando com a parcela mais significativa das responsabilidades e sendo mais frágil financeiramente, tornando impossível que os prefeitos não sejam tomados pela insegurança. Em momentos difíceis, o diálogo deve prevalecer. E agora, que estamos todos no mesmo barco, a FAMURS trabalhará ao lado de todos, especialmente dos municípios, para que, juntos, possamos vencer a crise e retomar o caminho seguro do desenvolvimento.

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Data de publicação: 20/07/2020