Podcast da Famurs debate desenvolvimento dos geoparques no estado

O podcast Conexão Municipal da Famurs promoveu segunda-feira, dia 13/01, um debate sobre geoparques, enfatizando o seu papel como indutor do conhecimento, desenvolvimento regional sustentável e do turismo. O programa recebeu como convidados: o prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy; a geóloga e coordenadora do programa SGBeduca, Andrea Sander; a coordenadora de Turismo de São João do Polêsine, Bianca da Silva Trindade e o secretário de Turismo de Cambará do Sul, Fabiano Souza. Como resultado, será lançada uma Câmara Temática na Famurs para promover o tema na Assembleia de Verão nos dias 13,14 e 15 de março. Apresentado pelo jornalista Voltaire Santos, o programa contou com a produção e a mediação da jornalista Janis Morais, ambos da Comunicação da Famurs. Acesse o conteúdo aqui.

Apoiar projetos de implantação de geoparques como estratégias de desenvolvimento econômico sustentável é uma das metas da nova gestão da Famurs. No RS, o Caminhos dos Cânions do Sul se tornou o primeiro geoparque a receber o selo de geoparque global da Unesco. Aguardam a certificação, os aspirantes Geoparque Quarta Colônia e o Geoparque Caçapava. “Os municípios são protagonistas dessas conquistas, que se tornam possíveis por meio de consórcios intermunicipais, em projetos que todos ganham, com o envolvimento da comunidade, destacando seus aspectos culturais, e fomentando parcerias com a iniciativa privada que movimentam a economia local”, explicou Paulinho Salerno.

O prefeito de Caçapava do Sul, Giovani Amestoy, relatou as novidades e os desafios do Geoparque Caçapava Aspirante Unesco, que recebeu os avaliadores no final de 2022, e aguarda decisão favorável a ser referendada pela Assembleia da Unesco, que ocorrerá em Paris (França), em abril. Ele contou sobre o desafio do projeto que abrange apenas um município. “Com apoio da comunidade e das universidades, o geoparque chega para mudar a nossa realidade turística e econômica, para mostrar para a necessidade da preservação e que em Caçapava temos algo único, despertando o sentimento de pertencimento da comunidade”, destacou.  

A geóloga Andrea Sander, do Serviço Geológico do Brasil, falou do importante papel da estatal do governo federal como indutora dos projetos de geoparques no país. Também relatou o programa coordenado por ela de divulgação geocientífica. “O RS foge do padrão do Brasil, pode ser o estado com maior número de geoparques e aspirantes. Não existem tantos locais no mundo com tantos geoparques em uma região só. Nosso desafio no SGBeduca é desenvolver diversas ações educativas buscando traduzir as geociências. As crianças ao compreenderem que aquele território é único, têm um sentimento de orgulho. Esse despertar sobre o território, que empodera os moradores do local, é muito interessante”, avaliou.

O secretário de Turismo de Cambará do Sul, Fabiano Souza, relatou um pouco dos resultados da conquista do selo da Unesco, que vai completar um ano. “O relatório dos avaliadores aponta melhorias que precisam ser implementadas nos territórios. Um dos ajustes sugeridos pelos avaliadores é o aporte de recursos para municípios gaúchos, pois Santa Catarina tem apresentado um investimento maior. Esse é um viés, o da organização dos municípios na busca de recursos. Outro aspecto que está sendo trabalhado é a comunicação para ampliar o turismo e os recursos para o desenvolvimento no território”, apontou. 

Os projetos de geoparques envolvem no estado 13 municípios, dois projetos são desenvolvidos por meio de consórcios intermunicipais, um ponto importante é esse esforço conjunto, planejado e organizado. Sobre essa questão foi interessante ouvirmos o relato da turismóloga e coordenadora de Turismo de São João do Polêsine, Bianca da Silva Trindade. “Temos feitos um trabalho integrado que teve início com os Fóruns Municipais de Turismo. Hoje, estão sendo construídos os Planos Municipais de Turismo, organizando as políticas públicas, com os Conselhos Municipais de Turismo e a construção e manutenção dos Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Partimos do desenvolvimento local do turismo para fomentar regionalmente, de forma organizada e sustentável”, ponderou. 

A jornalista Janis Morais relatou que a implantação de geoparques é um tema que busca aprofundar pela sua importância tanto para promover a divulgação científica, que no caso da geologia permite entender como essa ciência colabora para a compreensão das mudanças climáticas e da evolução da vida no planeta, quanto pela sua importância para o turismo e desenvolvimento regional sustentável.

Ela adiantou que a Revista da Famurs, que vai circular em março, vai trazer uma reportagem especial sobre os geoparques do Rio Grande do Sul reconhecidos ou em fase final do reconhecimento pela sua relevância mundial com a chancela da Unesco. “Eu tive a oportunidade única de acompanhar a missão da Unesco ao geoparque Caminhos dos Canyons do Sul, e entender, de forma imersiva, em contatos com pesquisadores e avaliadores, que um geoparque deve demonstrar o patrimônio geológico de relevância internacional, mas acima de tudo se tratar de uma estratégia de proteção, educação e desenvolvimento sustentável, envolvendo as comunidades locais”, destacou. 

Existem 177 Geoparques Mundiais da Unesco em 46 países. Até pouco tempo, a maioria se concentrava na Europa e na China, mas, nos últimos anos, a iniciativa dos geoparques têm se espalhado pelo mundo e pela América Latina. A China tem 41 geoparques e a Espanha 15, são os países com mais geoparques no mundo. No Brasil, são três Geoparques Mundiais da Unesco, com mais dois aspirantes, ambos gaúchos.

O podcast Conexão Municipal da Famurs é exibido ao vivo nas redes sociais da Famurs e em cadeia com as principais rádios e portais que cobrem as 27 associações regionais, com alcance e interatividade com os 497 municípios do estado.