O primeiro encontro do grupo de trabalho (GT) que reúne 35 entidades com o objetivo de retomar o desenvolvimento da produção de leite no Rio Grande do Sul aconteceu nesta sexta-feira (9/1), na sede da Famurs, em Porto Alegre.

O primeiro encontro do grupo de trabalho (GT) que reúne 35 entidades com o objetivo de retomar o desenvolvimento da produção de leite no Rio Grande do Sul aconteceu nesta sexta-feira (9/1), na sede da Famurs, em Porto Alegre. Durante a reunião, ficou acertado que o movimento fará uma campanha de valorização dos laticínios gaúchos. Entre as ações, também serão realizados cursos de treinamento para qualificar o processo de elaboração do produto no Estado. A ideia é evitar novas fraudes, como aquela que resultou na Operação Leite Compensado. O grupo é liderado pelo Instituto Gaúcho do Leite (IGL).

Como consequência das fraudes, ocorreu a queda do consumo do leite gaúcho e a redução do preço do produto. Para reverter esse quadro, a primeira ação do grupo de trabalho será encaminhar um ofício ao Ministério do Desenvolvimento Social para solicitar a aquisição pelo governo federal de quatro mil toneladas de leite em pó que serão destinados a merenda de estudantes da rede pública, programas sociais e pacientes de hospitais públicos. “Com isso, abre a possibilidade das indústrias esvaziarem o estoque, aumentarem as compras e incrementarem a produção de leite em pó, retomando o desenvolvimento da cadeia”, explicou o coordenador da equipe e diretor-executivo do IGL, Ardêmio Heineck.

Para o coordenador da Área de Agricultura da Famurs, Mário Nascimento, a solução é investir em qualidade da produção, inspeção sanitária e rastreabilidade. Esses fatores são pré-requisitos para a exportação do leite para países como Rússia e China. “O Rio Grande do Sul pode competir com a Nova Zelândia no mercado mundial de leite”, garantiu Nascimento. “Temos boas condições para produção de leite a pasto de baixo custo, pois nosso inverno não é rigoroso, não havendo assim necessidade de alimentar nosso gado com ração, como fazem os europeus. Isso barateia a produção e garante competitividade ao nosso leite”, explicou.

Apesar da alta produtividade, apenas uma parte do leite produzido no Rio Grande do Sul é consumido no Estado. Dos 11 milhões de litros produzidos por dia, quatro milhões são consumidos no Rio Grande do Sul. O resto é comercializado em outros Estados e apenas uma pequena parte é exportada, segundo dados do IGL. De acordo com o diretor da Associação de Pequenas Indústrias de Laticínios (Apil), a fraude revelada pela Operação Leite Compensado reduziu o consumo do leite gaúcho em outros Estados, onde há desconfiança em relação à qualidade do produto. “Perdemos uma parte dos consumidores de leite de São Paulo e do Rio de Janeiro”, lamentou. Segundo ele, 8% das pessoas deixaram de tomar leite.

Entretanto, o mote da campanha que será lançada é apresentar a qualidade do produto. Conforme o coordenador da Câmara Técnica de Leite da Secretaria Estadual de Agricultura do RS, João Milton Cunha, mais de 50% dos testes de leite realizados no Brasil são aplicados no Rio Grande do Sul. Ele assegurou que a fraude não atingiu a maior parte da produção gaúcha. “99,5% do nosso leite é de alta qualidade”, informou. A produção de leite interferir no cultivo de outras culturas.

Em algumas regiões do Estado, a cadeia leiteira está sendo alternativa para a produção de fumo. É o caso da região centro-sul do Estado. Conforme a prefeita de Cristal, Fábia Richter, existe uma grande preocupação com a manutenção do preço do leite para garantir o desenvolvimento. “Isso a afeta a economia dos municípios”, ponderou. Outro fator que ameaça a economia das cidades gaúchas é o calote aplicado por algumas empresas. Cerca de seis mil produtores de leite não receberam pelo produto, alerta a assessora da secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, Marlow Velasquez.

Na visão dos produtores, a expansão do mercado é uma das alternativas para reverter a crise. Segundo o produtor Matheus Nunes, de Cristal, também é necessário a profissionalização dos funcionários que prestam assistência técnica rural. Ele ainda reclama do preço dos produtos de higiene que são exigidos pela inspeção sanitária e alega reajuste abusivo nos últimos anos. Uma base de ácido lático custava R$ 90 em 2010 e hoje está R$ 270, segundo ele. “O governo deve intervir no preço, restringir as importações e aumentar as exportações”, defendeu.

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Entidades farão campanha valorizando a qualidade do leite gaúcho. Movimento visa enfrentar resistência ao produto do RS no centro do país e retomar o desenvolvimento da cadeia de laticínios no Estado.

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Data de publicação: 09/01/2015

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