Um estudo realizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) demonstra que pelo menos um terço dos prefeitos do Rio Grande do Sul desistiu de tentar a reeleição em 2016.

Um estudo realizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) demonstra que pelo menos um terço dos prefeitos do Rio Grande do Sul desistiu de tentar a reeleição em 2016. O questionário enviado pela entidade obteve 247 respostas. Desse total, 152 prefeitos estão aptos a buscar um segundo mandato. No entanto, 51 (33,5%) decidiram não participar do pleito em outubro deste ano. Destacam-se entre as justificativas apresentadas o desencanto com a política e crise financeira.

A pesquisa aponta que existem ao menos 24 municípios em que prefeito e vice optaram por não entrar na disputa eleitoral. “Ver prefeitos se afastarem da gestão pública é algo que nos preocupa. O fenômeno, no entanto, é compreensível. A falta de recursos dificulta a administração dos municípios. Da mesma forma, o descrédito da atividade política faz com que muitos gestores avaliem se vale a pena seguir na luta”, explica o vice-presidente da Famurs, Ederildo Paparico Bacchi.

Em 2015, como consequência da queda na arrecadação do Estado e da União, os municípios gaúchos deixaram de receber R$ 956 milhões. O prefeito de Dom Pedro de Alcântara, Marcio Biasi, desistiu de tentar a reeleição após penar com a falta de recursos. Ele cogita até abandonar a vida pública. “A frustração é total. Diminuiu a arrecadação. Por outro lado, aumentaram os encargos que o município recebeu da União e do Estado”, reclama. O Piratini deve R$ 640 mil para a cidade de 2.600 habitantes. No esforço para terminar 2016 com as contas em dia, a prefeitura demitiu quatro secretários municipais neste mês. Biasi passou pelo comando do município do Litoral Norte entre 2005 e 2008. Avalia que naquela época “o fluxo de caixa era mais favorável”.

A escassez de recursos para gerir o município também pesou na definição do prefeito de Restinga Sêca, Mauro Schunke, que se retirou da disputa eleitoral deste ano. “A despesa pública é maior do que o recurso que a prefeitura recebe do Estado e da União. Não há mais como administrar o município. Só louco para querer ser prefeito”, lamenta.

Desilusão com a política

Também tem prefeito que abdicou da possibilidade de tentar a reeleição na região das Missões. “A desilusão com a política brasileira foi a principal razão da minha desistência em disputar a prefeitura”, desabafa o prefeito de Mato Queimado, Nelson Hentz, que avalia a possibilidade de abandonar a vida pública.

O prefeito de Pejuçara, Eduardo Buzzatti, desistiu de participar do pleito por questões econômicas. Ele lamenta que o gestor municipal não consiga fazer muito mais do que administrar a folha de pagamento. “A dificuldade financeira é o principal motivo da minha desistência. Essa crise está dificultando a vida dos prefeitos”, pondera. O atraso nos repasses agrava a situação das finanças do município do Planalto Médio, que tem R$ 398 mil a receber do Estado só na área da saúde. Buzzatti também aponta as razões políticas que o fizeram se retirar da disputa. “Antigamente a gente fazia política no fio de bigode. Hoje, a necessidade de se coligar com diversos partidos dificulta a gestão pública. A atividade política perdeu a inocência”, reflete.

Assessoria de Comunicação Social (51) 3230.3150 / 9330.8399

[email protected]

Informações da notícia

Data de publicação: 21/04/2016

Compartilhe!