O presidente da Famurs, Luciano Pinto, apresentou, nesta segunda-feira (6/3), em audiência na sede da Justiça Federal, em Porto Alegre, uma lista com proposições para resolver a situação de creches com obras paralisadas no Rio Grande do Sul.

O presidente da Famurs, Luciano Pinto, apresentou, nesta segunda-feira (6/3), em audiência na sede da Justiça Federal, em Porto Alegre, uma lista com proposições para resolver a situação de creches com obras paralisadas no Rio Grande do Sul. Pelo menos 71 escolas estão com estruturas inacabadas há mais de dois anos. O problema ocorre em 47 municípios gaúchos. “A angústia é muito grande. As maiores prejudicadas são as crianças, mas os prefeitos também são penalizados com multas por não atender a demanda de vagas na educação infantil”, alertou o dirigente da entidade.

Para resolver o impasse, a Famurs orientou as prefeituras interessadas a ingressar na Justiça contra a MVC e contra o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que administra os recursos do programa e realizou a licitação. Nas ações, os municípios exigem a conclusão das obras e o ressarcimento dos valores. Essas reivindicações foram apresentadas pela Famurs na audiência, realizada na Justiça Federal. “Precisamos que a Justiça determine ao FNDE a liberação de mais recursos aos municípios, e que autorize as prefeituras a cotratar outra empresa para concluir as obras”, afirmou Luciano. Pelo menos 23 municípios já possuem ações ajuizadas com apoio do Ministério Público Estadual e Federal.

De acordo com o procurador da República Fabiano de Moraes, que participou da audiência, “a maioria das obras já deveria estar pronta há mais de dois anos”. O objetivo do encontro era buscar um acordo. Segundo o juiz federal Altair Antônio Gregório, que conduziu o encontro, a expectativa ainda é de que haja um consenso entre as partes. O magistrado entende que as prefeituras com obras em estágio avançado devem ter o direito de concluir as obras com o aval do FNDE, conforme proposta apresentada pela Famurs.

Ficou definido que o FNDE terá um prazo de 10 dias para analisar a viabilidade da proposta da entidade. Durante esse período, a Federação fará um levantamento do montante que ainda precisa ser investido para a conclusão das 71 escolas.

Entenda o problema

O Plano Nacional da Educação estabeleceu a universalização do acesso à pré-escola para crianças de 4 e 5 anos até 2016. Para auxiliar os municípios a cumprir a meta, o Ministério da Educação criou o Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância). Por meio de contratos, prefeitos interessados recebiam recursos para a erguer as escolas. A contrapartida das cidades era preparar o terreno para a construção das creches.

A expectativa dos prefeitos era de que o trabalho fosse concluído rapidamente. Vencedora da licitação do governo federal, a MVC adota um método de construção inovador e exclusivo. São utilizadas chapas prontas, de fibra de vidro, ao invés da construção tradicional de tijolos. A previsão inicial era de que cada escola fosse construída em até sete meses. Porém, a empresa MVC abandonou o canteiro de obras. Das 208 creches programadas, apenas seis foram entregues desde 2012. Cansados de esperar pela construção das escolas, em cidades onde a obra nem começou, prefeitos romperam contratos com a empresa.

Os casos que mais preocupam os gestores estão nos 47 municípios, que possuem creches inacabadas. A maioria das prefeituras já pagou a MVC pelos serviços realizados. Desde dezembro de 2015, a Famurs iniciou tratativas para a retomada das obras. Na ocasião, representantes da construtora chegaram a apresentar um calendário, no qual se comprometeram em concluir 29 escolas até o final de 2016. O acordo foi descumprido pela empresa.

O que alega a MVC

Para o advogado Márcio Carpena, representante da MVC, a paralisação ocorreu devido ao corte de verbas do governo federal. Segundo ele, o problema de fluxo financeira ocorreu a partir de janeiro de 2015. “A partir desse momento, os repasses estancaram. Desde então, o recurso passou a entrar somente após a mediação da obra”, argumentou.

Municípios com obras das creches abandonadas pela empresa MVC

MUNICÍPIO

ID. DA OBRA (ID)

% EXECUTADO

COM PROCESSO JUDICIAL

Agudo/RS

1005554

39,29%

SIM

Arroio Grande/RS

1009316

8,61%

Bagé/RS

24569

6,81%

Barão do Triunfo/RS

1016253

9,05%

Bom Jesus/RS

1005183

62,51%

SIM

Bossoroca/RS

1017110

6,83%

Caçapava do Sul/RS

1010677

0,00%

SIM

Cachoeira do Sul/RS

24571

43,16%

SIM

Cachoeira do Sul/RS

1012840

6,66%

Camaquã/RS

25724

1,68%

Candelária/RS

25701

8,52%

SIM

Canoas/RS

24609

39,51%

Canoas/RS

24611

97,72%

Canoas/RS

24612

37,15%

Capão do Cipó/RS

1017812

16,11%

SIM

Capão do Leão/RS

1004643

6,43%

SIM

Carazinho/RS

1002789

35,61%

Carlos Barbosa/RS

1001603

4,94%

Cidreira/RS

1016512

9,39%

Erechim/RS

1001605

5,62%

Esteio/RS

19130

53,64%

Farroupilha/RS

1014603

20,07%

SIM

Farroupilha/RS

1009318

38,05%

SIM

Garibaldi/RS

18950

95,18%

Gramado/RS

1009210

69,02%

SIM

Gravataí/RS

19874

35,80%

Gravataí/RS

24614

25,63%

Gravataí/RS

24615

28,62%

Gravataí/RS

24616

7,06%

Gravataí/RS

24618

74,54%

Gravataí/RS

19651

25,74%

Guaíba/RS

24579

70,12%

Guaíba/RS

24581

41,41%

Guaíba/RS

24582

84,46%

Guaíba/RS

24583

41,57%

Hulha Negra/RS

24360

8,08%

Hulha Negra/RS

24360

8,08%

SIM

Nova Hartz/RS

1005181

20,53%

SIM

Osório/RS

1003821

37,05%

Pantano Grande/RS

1005451

10,30%

Parobé/RS

1001798

13,03%

SIM

Passo Fundo/RS

1005289

37,34%

SIM

Pelotas/RS

24619

7,30%

Pelotas/RS

24623

8,19%

Pinheiro Machado/RS

20209

4,87%

Portão/RS

1001801

48,74%

Portão/RS

1003822

4,39%

SIM

Porto Alegre/RS

24625

84,90%

Porto Alegre/RS

24626

38,17%

Rio Pardo/RS

20017

8,52%

SIM

Sananduva/RS

1001607

57,75%

SIM

Santa Maria/RS

19965

6,76%

SIM

Santa Maria/RS

24532

19,44%

Santa Maria/RS

24534

1,67%

Santa Maria/RS

24535

19,30%

Santa Maria/RS

24536

21,29%

Santa Maria/RS

24531

0,00%

Santana do Livramento/RS

20018

53,35%

SIM

Santana do Livramento/RS

24374

73,32%

SIM

Santo Ângelo/RS

18989

7,71%

SIM

Santo Ângelo/RS

1001861

5,21%

SIM

São Gabriel/RS

24636

5,39%

São Gabriel/RS

1012844

1,68%

São Jerônimo/RS

1014608

0,00%

SIM

São Sepé/RS

1001862

48,08%

SIM

Taquari/RS

1001221

59,50%

SIM

Terra de Areia/RS

1014610

46,37%

Tramandaí/RS

1001864

50,96%

Três Cachoeiras/RS

1014611

40,41%

Vale do Sol/RS

1001608

7,79%

Xangri-lá

20066

91,17%

.

Informações da notícia

Data de publicação: 08/03/2017

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