RS tem 1.517 km de acessos municipais sem asfalto

Moradores de 128 municípios gaúchos vivem em locais sem acessos asfálticos. Esse é o resultado de levantamento da Famurs, que encontrou 1.517 quilômetros de ligações municipais não pavimentados no Estado. A pesquisa da Federação foi elaborada com informações do Departamento Estadual de Estradas e Rodagem (Daer), órgão vinculado à Secretaria de Infraestrutura e Logística do RS (Seinfra) do Governo do Estado.

Em 2011, o Rio Grande do Sul tinha 104 obras de ligações municipais a serem feitas. Conforme o Plano de Obras do Governo do Estado, 35 delas estariam prontas até o final deste ano. No entanto, apenas 13 foram finalizados dentro do prazo, restando 91 trechos para 2014. Em relação ao cronograma do Daer, 22 obras estão atrasadas, somando mais de 300 quilômetros.

Segundo o presidente da Famurs e prefeito de Santo Ângelo, Valdir Andres, a conclusão das obras de acesso asfáltico integram a pauta de reivindicações da entidade, entregue ao governador Tarso Genro, durante a 3ª edição da Marcha Gaúcha de Prefeitos, realizada no dia 31 de outubro deste ano. “Solicitamos ao governo do Estado o cumprimento do Plano de Obras Rodoviárias proposto pelo Daer. As comunidades desses 128 municípios aguardam com ansiedade o término das obras”, afirma Andres.

O assunto foi tema da reunião da Comissão dos Municípios Sem Acesso Asfáltico, realizada nesta quarta-feira (11/12), na sede da Famurs. Na ocasião, aconteceu a posse da nova diretoria da comissão, que passa a ser presidida pela prefeita de Itatiba do Sul, Adriana Tozzo. Ela estima que a falta de acesso asfáltico nos 128 municípios tem um impacto negativo de 2,5% do PIB na economia do Estado. Adriana acrescenta que as estradas não pavimentadas também contribuem para o crescimento do êxodo rural, que afeta o desenvolvimento dos municípios do interior do Estado.

Mais da metade das obras estão paralisadas ou não foram iniciadas

Das 92 obras de acesso asfáltico não concluídas, 21 estão paralisadas e 27 sequer foram iniciadas. É o caso de Amaral Ferrador, na Região Centro Sul do Estado, onde o asfaltamento da RS 354 está parado desde 2011, segundo o prefeito Elizeu Araujo. A rodovia liga o município de 6 mil habitantes ao entroncamento da BR-116, que dá acesso à Região Metropolitana. São 37 quilômetros de estrada de chão. Conforme Araujo, a obra está licitada desde 1997, mas nunca foi concluída pela empresa contratada. “O trecho que poderia ser feito em 15 minutos leva uma hora”, lamenta o prefeito. “Não temos desenvolvimento agrícola, as fábricas não têm interesse em se instalar no município, e ainda temos grande dificuldade para atrair médicos, dentistas e profissionais de nível superior e os pacientes transportados em ambulâncias sofrem ao atravessar a estrada”, reclama o prefeito.

No Norte do Estado, a situação se repete. Em Erebango, também não há acesso asfáltico na estrada que liga o pequeno município de 2,9 mil habitantes à cidade de Quatro Irmãos. São 17 quilômetros de estradas de chão com obras que nunca foram iniciadas pelo governo estadual. Conforme o prefeito Ênio Meregalli, a falta de asfalto impede o desenvolvimento da comunidade. “Faz 12 anos que foi prometido, mas não sai a obra. Estamos deixando de sair da cidade para a região e pelo Estado pela falta de estradas”, alega o gestor municipal.

Perto de Erebango estão localizados os municípios de Benjamin Constant do Sul e Faxinalzinho. A RS 480, que liga as duas cidades, também consta na relação das 27 obras não iniciadas. Conforme o prefeito de Benjamin Constant do Sul, Itacir Hochmann, a cidade tem sofrido prejuízos socioeconômicos por não possuir ligação asfáltica. “Uma indústria de criação de aves já desistiu de se instalar aqui por falta de acessos pavimentados. Perdemos esse investimento de R$ 1 milhão”, queixa-se o prefeito.

Nova diretoria da Comissão dos Municípios Sem Acesso Asfáltico

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