Luciano Orsi busca enquanto Federação do municípios direcionar o olhar aos principais atingidos, os municípios, além de somar esforços junto ao Governo do Estado e Governo Federal para alavancar a recuperação do Rio Grande do Sul,

“Pelo tamanho da tragédia climática que está acontecendo no nosso Rio Grande do Sul é inimaginável medir todos problemas e recursos necessários para retomada. Foi e está sendo devastador... Agora, nós enquanto gestores precisamos pensar no depois, quando os atingidos retornarem para suas casas. O alinhamento entre municípios, governo estadual e federal será fundamental para que possamos ver um horizonte para superação de tudo isso.” Assim o presidente da Famurs, Luciano Orsi, iniciou sua fala reunido com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

O encontro realizado na tarde desta quarta-feira (15/5), no campus da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, também contou com a presença de diversos prefeitos municipais, com o governador do Estado, Eduardo Leite, e com a comitiva federal liderada pelo presidente Lula. Na oportunidade Orsi enquanto presidente da Federações dos Municípios formalizou a entrega de documento que reforça a importância de nove reinvindicações feitas ao Governo Federal, que visam corroborar com a reconstrução dos municípios atingidos pelos trágicos efeitos das enchentes.

Segundo Luciano Orsi que também é prefeito de Campo Bom, neste momento inicial o apoio dos voluntários tem feito total diferença: “Ainda estamos vivenciando este primeiro momento priorizando as questões humanitárias que são importantíssimas, nosso reconhecimento a todos os esforços somados em prol das vítimas afetadas pelas cheias em decorrência das mudanças climáticas. Destaco nossa gratidão e reconhecimento também a sociedade civil, aos voluntários que estão fazendo tão bem o acolhimento, dando apoio às famílias de forma crucial, ressaltou.

A próxima etapa pós desastre segundo apontamentos das áreas técnicas da Famurs necessita ser a de captação e recebimento de recursos aos municípios, através de um sistema mais desburocratizado e ágil, uma vez que se prevê uma redução considerável nas arrecadações de ICMS/ISS. Assim, Orsi enfatizou a importância da entrega das reinvindicações que é propositiva para que toda e qualquer medida anunciada possa acontecer na prática e alcance a população gaúcha.

“Precisamos somar esforços entre as três esferas de poder para alavancar a recuperação do Rio Grande do Sul e nossa parte enquanto representação municipalista é direcionar o olhar aos municípios atingidos, uma vez que é nos municípios que tudo acontece, onde vivenciamos as necessidades de cada realidade local.”

Famurs reivindica
1. Que seja instituída e repassada Cota Extra de FPM imediata aos Municípios do Rio Grande do Sul;
2. Que a União promova o perdão ou a prorrogação da dívida do Estado do Rio Grande do Sul, relativa, a no mínimo, os próximos três anos, exigindo para tanto que o Estado garanta aos municípios a manutenção do recebimento, mínimo, do valor orçado a título de cota-parte do ICMS no ano de 2024, bem como os valores que devem compor o FUNDEB.
3. Que seja instituído um fundo de compensação aos Municípios, cujos recursos se destinarão a garantir a arrecadação projetada de ICMS para o ano de 2024, bem como seja essa arrecadação considerada a mínima também no ano de 2025.
4. Seja proposto Projeto de Lei Complementar com regras de suspensão do pagamento de dívidas junto aos bancos públicos, nas mesmas condições da Legislação Complementar criada para o enfrentamento da Pandemia do COVID-19, e que a mesma LC tenham regras flexibilizando os prazos de publicações atinentes às regras fiscais da LC 101/01.
5. Que sejam suspensos, prorrogando-se para o final dos contratos, os vencimentos de empréstimos junto ao BNDES e CEF, inclusive os objetos de Finisa.
6. Que sejam os municípios autorizados a suspender, prorrogando-se para o final dos parcelamentos, as próximas 12 parcelas relativas ao déficit atuarial junto aos seus regimes próprios de Previdência e junto ao Regime Geral de Previdência Social.
7. Que sejam incluídos os municípios que tenham decretado calamidade nas regras de desoneração da folha de pagamento, estipulando-se como alíquota de contribuição do INSS o percentual de 8% sob sua folha de pagamento.
8. Que sejam prorrogados os prazos de obrigações contábeis formais dos municípios do RS para o dia 31/12/2024, relativamente aos lançamentos e remessas de dados dos sistemas de controle externo administrados pelo Tesouro Nacional.
9. Que sejam reforçados os auxílios diretos a cada família voltadas para reconstrução das moradias, incluindo-se no plano de trabalho valores para auxiliar na desapropriação de áreas onde os riscos de desastres sejam inexistentes ou diminutos.

Municipalismo

Em São Leopoldo, município gerido pelo prefeito Ary Vanazzi, que está no quarto mandato, Lula conversou com muitos dos desabrigados, agradeceu aos voluntários, ouviu histórias, conversou com algumas das 300 crianças e idosos.

No local, as famílias que totalizam 1,5 mil pessoas recebem assistência médica, socioassistencial, alimentação e alojamento, a um custo de R$ 20 mil para cada grupo de 50 pessoas acolhidas. Esses recursos são disponibilizados para os municípios em estado de calamidade para aquisição de colchões, cobertores, roupa de cama, água, sabão, detergente, utensílios para cozinhar e até estrutura para montar abrigos.

Dos 446 municípios atingidos pela crise climática no estado 48 já solicitaram o recurso, e tiveram aprovado um repasse total de R$ 11,3 milhões para atender cerca de 40 mil pessoas.

A pasta de Desenvolvimento Social também anunciou que são destinados diariamente cerca de 4 mil cestas (86 toneladas) para a unidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Canoas, que centraliza a distribuição para outros municípios e às cozinhas solidárias e cozinhas emergenciais que estão fornecendo refeições a desabrigados e desalojados.

Medidas Governo Federal

Lula anunciou um pacote de medidas sociais que incluem a antecipação do pagamento do Programa Bolsa Família (PBF) para 620 famílias de todos os 497 municípios para a próxima sexta-feira, 17, em um repasse de R$ 417 milhões.

Duas Medidas Provisórias, a que cria o Ministério Extraordinário de apoio à reconstrução do RS, que será comandado pelo atual ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta; e a MP do Vale Reconstrução, que destina R$ 5.100 a famílias desabrigadas, de baixa renda ou que perderam suas casas no estado, também foram assinadas pelo presidente.

O pagamento do Bolsa Família no estado também será unificado no próximo mês, com início em 17 de junho. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, que integra a comitiva, garantiu ainda a entrada de cerca de 21 mil famílias do Rio Grande do Sul na folha de pagamento do programa no próximo mês.

“A antecipação será nessa sexta-feira, operacionalizado pela Caixa e sua rede, quando o pagamento estará na conta independente da data do cronograma que vai até último dia útil do mês. Na terça-feira, vencemos o último passo com o restabelecimento da rede de internet em todo o estado”, anunciou Dias.

As ações de busca ativa, para localizar as famílias em vulnerabilidade, também continuarão sendo realizadas pelo MDS no estado, com o objetivo de identificar as pessoas que podem acessar os programas sociais. Em maio, foram incluídas 6.738 residências do Rio Grande do Sul no Bolsa Família.

A pasta de Desenvolvimento Social adotou medidas para garantir que a vulnerabilidade das famílias não seja ampliada, com a suspensão da averiguação e revisão cadastral no estado até dezembro de 2024. A medida representou a entrada de 18 mil famílias do Rio Grande do Sul, que tiveram o benefício desbloqueado e os pagamentos liberados em 17 de maio.

A antecipação de benefícios como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada; da restituição do Imposto de Renda; de benefícios previdenciários e prorrogação na cobrança de tributos, entre outros representa um investimento de R$ 14,5 bilhões do Governo Federal

Medidas habitacionais

Todas as famílias diretamente afetadas pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul vão receber o Vale Reconstrução, repasse de R$ 5,1 mil do governo federal para repor equipamentos e outros bens perdidos pelos efeitos das fortes chuvas que atingiram o estado, anunciou ministro da Casa Civil, Rui Costa. A estimativa é de que cerca de 240 mil famílias sejam beneficiadas, a partir de um investimento de R$ 1,2 bilhão.

Uma Medida Provisória deve ser publicada em edição extra do Diário Oficial da União com os critérios previstos para o estabelecimento do apoio financeiro às famílias dos municípios atingidos pelos eventos climáticos e reconhecidos pelo Poder Executivo Federal.

Segundo o ministro, a intenção é que a Caixa Econômica Federal adote parcerias com empresas de água, luz e telefonia do estado para garantir que todos os que têm direito efetivamente recebam o benefício. O pagamento da parcela única será feito via PIX para as contas dos beneficiários.

“As pessoas que perderam geladeira, televisão, fogão, colchão, móveis, terão de forma rápida e facilitada a transferência para as suas contas do valor de R$ 5.100. As pessoas que perderam documentos vão precisar apenas do número de CPF para solicitar via aplicativo, com uma autodeclaração. Quem não puder comprovar o endereço será checado, usando os cadastros do Governo Federal para conferir e automaticamente fazer o pagamento”, explicou o ministro Rui Costa.

De acordo com o ministro, a Defesa Civil Nacional, em parceria com a Defesa Civil Estadual, Municipal ou com a Secretaria de Assistência Social, vai informar as áreas atingidas com casas afetadas.

Parcela única

O apoio será concedido em parcela única, limitado a um por família, e será operacionalizado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e pago pela Caixa Econômica Federal, por meio de conta poupança social digital. Essa conta é de abertura automática em nome do beneficiário e também poderá ser utilizada outra conta em nome do beneficiário na mesma instituição financeira.

O acesso ao recurso dependerá das informações a serem enviadas pelo respectivo Poder Executivo municipal e da autodeclaração do responsável familiar, que atestará, sob penas da lei, o cumprimento dos requisitos. A autodeclaração deverá, obrigatoriamente, comprovar, por qualquer meio, o endereço residencial. O texto dá preferência à mulher, como responsável familiar, para recebimento do apoio.

“Nós voltamos ao Rio Grande do Sul para anunciar o Auxílio Reconstrução, que pode ser uma das maiores ações para responder a um desastre climático no Brasil. O recurso será destinado diretamente para cada família. Não mediremos esforços para ajudar as pessoas a reconstruírem suas vidas”, concluiu Lula.

Informações da notícia

Data de publicação: 16/05/2024

Créditos: Aminie Cardoso - MTB 1567

Créditos das Fotos: Sérgio Martins