Mais de 250 profissionais estiveram reunidos no Nau Live Spaces para discutir gestão da Comunicação, Marketing e Inovação em período eleitoral

Mais de 250 profissionais da Comunicação estiveram reunidos nos dias 16 e 17 de abril no Nau Live Spaces, em Porto Alegre, para prestigiar o III Seminário de Comunicação da Famurs. A edição deste ano teve como tema “Gestão da Comunicação, Marketing e Inovação em período eleitoral” e recebeu apoio institucional da Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos/PUC-RS). 

Na abertura do encontro, o vice-presidente da Famurs e prefeito de Barra do Rio Azul, Marcelo Arruda, representou o presidente Luciano Orsi e destacou o papel fundamental que a comunicação pública tem, reforçando que o intenso trabalho realizado pelas administrações municipais só chega na população através das equipes de Comunicação. 

O primeiro painel do dia, Redes Sociais em período eleitoral, foi apresentado pela advogada especialista em direito eleitoral, Gabriele Valgoi, e pelo diretor de Difusão na Secom da Presidência da República, Voltaire Santos. Durante o painel, Valgoi destacou cuidados no uso das redes, pois o uso da máquina pública com reflexo político pode caracterizar promoção e abuso de poder; que a assessoria deve fazer registros sobre os atos da administração pública e que o gestor precisa ter seu assessor pessoal; que não está proibido fazer collabs, desde que o vínculo seja institucional e não pessoal. 

A palestra Tendências para a Comunicação nas Eleições foi ministrada pelo publicitário Zeca Honorato, que trouxe algumas reflexões sobre o que aconteceu com a publicidade ao longo dos anos. Na apresentação, ele destacou que na publicidade é necessário criar uma diferença entre iguais, mas hoje, poucas narrativas são criadas, com isso, os produtos ficaram iguais de novo e os candidatos também. Para ele, autenticidade não ganha ou agrada todos, mas constrói uma marca que é reconhecida e reconhecimento é, atualmente, fundamental. Zeca explicou que é fundamental definir a narrativa; escolher os conteúdos e a forma de linguagem; distribuir a mensagem aproveitando os inúmeros canais à disposição; monitorar os resultados e promover pequenos ajustes sem mudanças drásticas de rota. “Ninguém te a fórmula para vencer a eleição, mas é preciso ser autentico”, frisou. 

No painel Como desenvolver bots para serviços das prefeituras com a Inteligência Artificial, o professor de Jornalismo e cofundador do Farol Jornalismo, Moreno Osório, frisou que é preciso conhecimento para fazer um bom uso da IA. Já o engenheiro eletrônico e fundador da Supernova MVNO/Dendron Tecnologia, Marco Oricchio, mostrou exemplos e possibilidades de atendimento autônomo e humanizado através de bots personalizados para atendimento da população.  Oricchio destacou que o serviço robotizado promove a redução de curtos, aumento da eficiência, digitalização de processos e atendimento em tempo integral. 

A tarde de terça-feira começou com o painel Pesquisa Eleitoral: diferentes modelos e aplicações. A mediação foi realizada pelo jornalista e diretor da Região Sul do Camp, José Luiz Fuscaldo, que abriu a conversa falando que feeling político funciona, mas há muitas nuances, e que a pesquisa cria ambientes favoráveis e prepara a gestão para o ganho de respeito, autonomia e recursos. A sócia-diretora da Agência Moove, Luana Rodrigues, abordou em sua fala posicionamento e a importância da pesquisa na política. Para ela, posicionamento é o primeiro ponto construído com o cliente, para definir como ele pode ser percebido. E a pesquisa, segundo Luana, é justamente uma ferramenta de monitoramento, para se construir uma gestão com olhar estratégico e ter, ao fim, resultados.  

Também participante do painel, Margrid Sauer, que é socióloga, professora de pós-graduação de Metodologia e Pesquisa e sócia-diretora do Instituto Amostra, abordou a pesquisa qualitativa, que compreende de forma aprofundada os problemas, experiências, expectativas e preocupações dos cidadãos. Ainda, permite aos gestores públicos desenvolverem uma administração mais sensível, eficaz e alinhada com as expectativas da população. Segundo Margrid, a pesquisa quali deveria ser feita antes de uma pesquisa quantitativa, pois a primeira explora e outra quantifica, uma direciona e a outra valida. Já Gabriel de Oliveira, que é advogado especialista em Direito Eleitoral e sócio da Vitória Pesquisas, abordou a pesquisa quantitativa, diferente de uma enquete que não leva em consideração o Plano Amostral e os dados demográficos. Ele destacou as fontes de busca e o trabalho de campo, fator fundamental para uma boa amostragem, e também falou sobre as dificuldades por trás de uma pesquisa registrada, algo que ficará cada vez mais difícil de contratar. 

No painel Como ser relevante no jornalismo político no mundo de notícias instantâneas, mediado pela jornalista Janis Loureiro, a conversa contou com a participação do jornalista e colunista do Grupo RBS, Rodrigo Lopes, que falou sobre sua experiência no cobertura da política internacional e nacional, o fim do monopólio da comunicação e o uso das redes sociais, desinformação, além da falta de educação midiática das pessoas. O vice-presidente da Rede Pampa, o jornalista Paulo Sérgio Pinto, também esteve presente e falou sobre a responsabilidade de comunicar à população e salientou que as preferências pessoais não podem atingir aquilo que se chama informação. O painel ainda contou com a participação do jornalista e apresentador da BandRS, Fabiano Brasil, que falou da sua experiência e do importante trabalho do assessor de comunicação e imprensa para o compartilhamento das informações corretas.

A programação do primeiro dia de seminário encerrou com o painel Prefeitos e a comunicação criativa, mediado pelo influencer digital de projetos políticos Luiz Henrique Barbudinho. O painel iniciou com a fala da prefeita de Santana do Livramento, Ana Tarouco, que frisou que o trabalho não é realizado apenas para o eleitor, mas para toda a população e que a comunicação adotada brinca com muita coisa para tonar mais leve, mas sempre com o compromisso da informação correta e linear. O diretor de Comunicação da Prefeitura de Santana do Livramento, Fernando Prestes, falou sobre as estratégias adotadas pela equipe, a partir do perfil da instituição, e as diferenças do perfil da persona político, a prefeita Ana. 

Quem também participou do painel foi o prefeito e a diretora de Comunicação de São Francisco de Paula, Marcos Aguzzoli e Carolina Andriola. Eles falaram sobre a construção de imagem do prefeito e da evolução da comunicação ao longo dos últimos sete anos, com conteúdo focado em infoentretenimento, com um prefeito que deixou de ser apenas engraçado, mas trazendo conteúdos com informação e notícia transmitida por ele. Também abordaram o refinamento dos vídeos e a evolução da linguagem informativa nas redes sociais, desde suas participações no I Seminário de Comunicação. Carolina destacou que no município fazem política e comunicação sem ataques e o prefeito Marcos orientou que prefeitos escutem seus profissionais da comunicação, pois eles detêm o conhecimento para estratégias e planejamento. 

O segundo dia de evento iniciou com o painel Bastidores da Comunicação nos governos em período de crise, com a participação da diretora de Relações Públicas do TJRS, Analice Bolzan, e da professora e especialista em Planejamento em Comunicação e Gestão de Crises de Imagem, Júlia Machado. Mediado pelo diretor de Difusão na Secom da Presidência da República, Voltaire Santos, o painel destacou que para decidir o que fazer diante de uma crise é necessário um planejamento rápido e eficiente. Analice destacou que enquanto a comunicação não sentar com os gestores para pensar e criar uma estratégia e planejamento, vamos continuar “apagando fogo”, pois é preciso estar juntos e fazer um alinhamento da gestão, para que não se tenha impacto na imagem e na reputação. Pelo contrário, construir uma comunicação efetiva, prestando serviço e transparência. Ela destacou que é importante haver uma mudança de conceito e um reposicionamento institucional em relação à comunicação. Júlia também ressaltou que o assessor raramente está no bastidor da crise e que 98% delas poderia ser evitadas. A especialista frisou que comunicar não é só divulgar e que fazer gestão de crise e fazer, de fato, gestão. 

Já o painel Não Vacile: publicidade institucional nas Eleições 2024 abordou as condutas vedadas no que diz respeito à comunicação e publicidade realizadas pelas prefeituras e câmaras este ano. O painel foi mediado pelo jornalista político e assessor de Comunicação, Giovani Gafforelli, e contou com as explicações do advogado especialista em Direito Eleitoral, Lieverson Perin. Ele destacou que não se pode confundir o que é público com o que é pessoal, seja material ou imaterial, e que é fundamental levar em consideração o critério da pessoalização. 

O último painel do Seminário de Comunicação foi Como fazer comunicação com pouco recurso, mediado pela coordenadora de Comunicação e Marketing da Famurs, Monique Mendes. Durante o painel, o professor e especialista em Campanhas de Marketing Político e Eleitoral, Ângelo Müller, falou sobre estratégias para a comunicação política e eficiente com orçamentos apertados; o social media e fotógrafo da Famurs, Guilherme Pedrotti, destacou o uso da inteligência artificial para auxiliar em processos diários; e a assessora de Comunicação da Famurs, Aminie Cardoso, falou sobre planejamento e valorização da comunicação. 

O encontro encerrou com o Game Político, uma dinâmica para mostrar que, cada vez mais, o profissional de comunicação precisa ser ágil, versátil e saber lidar com o dinamismo da comunicação política, que requer planejamento e, muitas vezes, mudanças de estratégia ao longo do percurso. O game foi comandado pela coordenadora Monique Mendes e pelo publicitário Zeca Honorato. 



Informações da notícia

Data de publicação: 19/04/2024

Créditos: Ellen Renner

Créditos das Fotos: Guilherme Pedrotti