Rio Grande do Sul não será contemplado na primeira campanha de vacinação do Ministério da Saúde contra dengue

Preocupada com o crescente número de casos de dengue no RS nos últimos anos, a Famurs reforça o pedido do governo do Estado ao Ministério da Saúde para o avanço seguro e ágil na estratégia de vacinação contra a dengue. No início do mês, o governador Eduardo Leite e a secretária de Saúde do RS, Arita Bergmann, estiveram reunidos com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para tratar da situação da dengue no estado. 

Conforme dados do Painel de Casos da Dengue no RS, atualmente mais de 93% dos municípios enfrentam infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika. Até a tarde desta sexta-feira (23/02), foram registrados no sistema 14.440 notificações de casos suspeitos de dengue, sendo 6.313 confirmados. Seis óbitos por dengue também foram confirmados – três em Tenente Portela, um em Santa Cruz do Sul, um Santa Rosa e um em Cruz Alta.

A primeira campanha de vacinação do Ministério da Saúde contra a dengue irá atender 521 municípios dos 5.568 do Brasil. No momento, nenhum município gaúcho será contemplado, apesar da elevação de casos conforme o monitoramento.

Para o presidente da Famurs e prefeito de Campo Bom, Luciano Orsi, embora o imunizante esteja disponível em diversas clínicas e farmácias no estado, é de extrema importância que o mesmo seja disponibilizado de forma gratuita no SUS. “É a maneira mais ágil para conseguirmos imunizar o maior número de pessoas, afinal já temos casos registrados em quase todos os municípios gaúchos”, ressalta. 

A Famurs, através da Área Técnica de Saúde, tem realizado diversas campanhas institucionais nos últimos anos, em conjunto com os municípios, para atualização do calendário vacinal e cuidados com as doenças transmitidas pelo mosquito. “Precisamos seguir com ações conjuntas, especialmente de conscientização da população sobre vacinação, cuidados básicos e os riscos da doença, afinal, cerca de 75% dos criadouros do mosquito transmissor estão nas residências”, ressaltou o presidente Orsi.

Em resposta ao pedido do governo estadual, a ministra Nísia apontou que o governo federal tem atuado para agilizar a distribuição de doses vacinais, assim como a produção do imunizante no Brasil, para facilitar o atendimento da população. O relato é de que o Butantan se encontra na fase três de produção, que é de dose única, mas o dossiê ainda precisará passar por análise da Anvisa.

Quanto ao envio das vacinas, o Ministério da Saúde explicou que a restrição na cobertura vacinal se deve à baixa capacidade na produção do imunizante pelo laboratório Takeda Pharma. O laboratório informou que tinha uma capacidade limitada na produção da vacina e poderia destinar apenas 6,5 milhões de doses para o país ainda em 2024. 

O laboratório também fará a entrega de todas as doses compradas ao mesmo tempo. O prazo final de entrega é novembro deste ano. Conforme o Ministério da Saúde, a capacidade será aumentada para 2025, quando devem ser entregues 9 milhões de doses.

A delimitação para 521  municípios foi feita pela restrição no volume de doses. Segundo o Ministério da Saúde, as cidades e faixas etárias não foram escolhidas aleatoriamente, mas seguindo critérios definidos em várias reuniões com técnicos da pasta e definições da Organização Mundial da Saúde (OMS).


Dengue no RS

Conforme o coordenador de Saúde da Famurs, Paulo Azeredo, dois fatores importantes impactaram para o aumento de casos de dengue no estado. Em primeiro lugar, o enfrentamento à covid-19, que acabou desmobilizando ações locais em virtude de decretos estaduais que determinaram a utilização de agentes de endemias para fiscalização de comércios e empresas. O outro fator está relacionado às mudanças climáticas, com elevação de chuvas e do calor no RS.



Para combater a dengue, o Estado divulgou que possui um plano de contingência em execução, para combater a proliferação da dengue, além de ter um sistema de monitoramento que permite acompanhar a situação da doença por regiões e municípios. 


Combate à dengue

A área técnica de Saúde da Famurs também avalia que o trabalho de agentes municipais também deve ser ampliado junto às escolas e as informações sobre os riscos da doença e prevenções devem ser comunicados de forma clara. 

Algumas medidas importantes no combate à dengue são:

  • Manter a caixa d’água bem fechada;
  • Color areia nos vasos de planta;
  • Amarrar bem os sacos de lixo;
  • Limpar bem as calhas;
  • Guardar pneus em locais cobertos;
  • Não acumular sucata e entulho;
  • Esvaziar garrafas PET, potes e vasos;
  • Receber os agentes de saúde e os de endemias.


Orientações

O vírus da dengue pode ser transmitido ao ser humano principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Aedes aegypti. Transmissão de mãe para filho, durante a gestação, e por transfusão de sangue são raros. 

A orientação do Ministério da Saúde é de que pacientes que apresentarem febre (39 °C a 40 °C) de início repentino e, pelo menos, duas outras manifestações (dor de cabeça. prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos) deve procurar imediatamente um serviço de saúde, a fim de obter o tratamento adequado. 

Com o declínio da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), sinais de alarme podem estar presentes e marcar o início da piora no paciente. São eles: dor abdominal intensa e continua, vômitos persistentes, acumulo de líquidos em cavidades corporais, hipotensão postural e/ou lipotímia, letargia e/ou irritabilidade, aumento do tamanho do fígado, sangramento da mucosa, e aumento progressivo do hematócrito. 


Vacina contra dengue

Ainda que não exista um tratamento específico para a doença, o coordenador de Saúde Paulo Azeredo lembra que a Anvisa aprovou em 2 de março de 2023, por meio da Resolução RE 661/23, o registro de uma vacina para a prevenção da dengue. A vacina Qdenga, está destinado à população pediátrica acima de 4 anos, até 60 anos. O imunizante está disponível, neste momento, na rede privada para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. 

O governo federal também inseriu a vacina no Programa Nacional de Imunizações do Brasil (PNI) em dezembro de 2023 e em fevereiro de 2024, no Calendário Nacional de Vacinação. 

Informações da notícia

Data de publicação: 23/02/2024

Créditos: Ellen Renner

Créditos das Fotos: SES/RS